Apresentação (Texto original do LP)
Zé Ramalho
Este é o meu primeiro disco. O disco de estréia. Veio cheio de misticismo e idéias. Trouxe um linguajar diferente do usual. Através da mensagem do "Avôhai", música que abre o disco, com a participação de Patrick Moraz, tecladista do grupo inglês YES! Além de "Avôhai", traz "Vila do Sossego" e "Chão de Giz", músicas que viraram clássicos da M.P.B. com várias regravações de outros artistas. É o disco da chegada, transpondo a soleira do alcance musical. É um disco que nunca saiu de cartaz. Me orgulho dele e do seu tempo. Foi o início de tudo. Tudo começa com "Avôhai".
Texto da reedição, 2003
Marcelo Fróes
Nascido em Brejo do Cruz (PB) a 03/10/49, José Ramalho Neto passou a infância com o avô em Campina Grande e descobriu o rock’n’roll e o iê-lê-iê vivendo a adolescência em João Pessoa, ouvindo tanto a Jovem Guarda quanto os discos dos Beatles e de seus contemporâneos. Na virada dos anos 70, Zé Ramalho foi membro do grupo The Gentlemen, que gravou um álbum pela Rozenblit, mesma gravadora pernambucana por onde o lendário álbum duplo "Paêbirú" foi gravado, em parceria com Lula Côrtes no final de 1974, com participações de Alceu Valença, Zé da Flauta e outros.
Zé Ramalho da Paraíba, como chegou ao Rio em muitas idas e vindas, acompanhou Alceu Valença e chamou atenção. Resolveu estabelecer-se definitivamente na cidade após o carnaval de 1976, disposto a nunca mais voltar para o Nordeste. Aquela altura, já havia composto Avôhai, Vila do Sossego, Chão de Giz e A Dança das Borboletas, e depois de conhecer o produtor Carlos Alberto Sion no pier de Ipanema, entrou no estúdio da Phonogram para gravar uma demo. Não foi aceito, mas passou o ano visitando a RCA, a EMI-Odeon e a Som Livre, que também não se interessaram. O diretor de TV Augusto César Vanucci tornou-se fã e mostrou Avôhai à então esposa Vanusa, que decidiu gravar a música em São Paulo, com Zê ao violão.
Já perto daquele ano de 1976, Raimundo Fagner deu seu aval junto à diretoria da CBS - chamando atenção para o trabalho do amigo, o que fez com que o diretor artístico Jairo Pires se encantasse ao ouvir Avôhai. Imediatamente contratado no início de 1977, Zé Ramalho respirou aliviado e passou o ano fazendo shows no Rio. Uma versão de Avôhai chegou a ser registrada num estúdio de rádio, para que entrasse imediatamente na programação. Este primeiro disco solo de Zé Ramalho foi gravado em 8 canais no estúdio da CBS em novembro de 1977.
Todos os músicos tocaram de graça, animados com a oportunidade alcançada pelo cantor e compositor paraibano, inclusive o tecladista inglês Patrick Moraz, que estava gravando um álbum solo no Rio de Janeiro.
As bases foram gravadas com poucos músicos, tendo Zé até mesmo, usado apenas percussão e não bateria neste trabalho semi-acústico de incrível qualidade sonora. Também na parte eletrificada, o ex-Mutantes Sérgio Dias sensibilizou tanto por sua participação que ganhou três dos oito canais para seu apoteótico solo de guitarra em A Dança das Borboletas. Ninguém percebeu na ocasião que a fita estava chegando ao fim, e é por isso esta faixa encerra o primeiro lado do disco daquela forma.
Como o artista continuava morando num quarto alugado na Glória, a CBS decidiu hospedá-lo no Hotel Plaza de Copacabana para que fizesse o trabalho de divulgação com mais conforto. O disco teve ótima repercussão e o artista aproveitava para distribuir seu livrinho de cordel Apocalypse na entrada de seus shows. Zé Ramalho sentiu que a "coisa estava começando a acontecer" em meados de 1978, quando recebeu o primeiro dinheiro proveniente da execução pública de suas músicas.
janeiro, 2003
Faixas:
01. Avôhai
(Zé Ramalho)
Oberheim & Ar* Odissey: Patrick Moraz
Viola 12 cordas: Ivson Wanderley
Percussões: Chico Batera
Baixo: Chico Julien
Violão Folk & Viola 1o cordas: Zé Ramalho
02. Vila do Sossêgo
(Zé Ramalho)
Percussão: Chico Batera
Viola 10 cordas: Pedro Osmar
Órgão Hammond: Paulinho Machado
Baixo elétrico: Chico Julien
Violão ovation: Zé Ramalho
Côro: Zé Ramalho, Elba Ramalho, Luiza Maria, Diana Pereira, Terezinha de Jesus, Liz* Bravo
Cordas:
Violinos: *Gian Carlos P*, Alfredo Vidal
Viola: * Figueiredo Penteado
Cello: Alceu * Reis
03. Chão de Giz
(Zé Ramalho)
Violão ovation: Zé Ramalho
Baixo Elétrico: Chico Julien
Tricórdio: Lula Côrtes
Piano: Paulinho Machado
Côro: Elba Ramalho, Luiza Maria, Terezinha de Jesus, Diana Pereira, Liz* Bravo
04. Noite Preta
(Zé Ramalho / Lula Cortes / Alceu Valença)
Sanfona: Dominguinhos
Zabumba: Bezerra da Silva
Baixo Elétrico: Chico Julien
Tricórdio Elétrico: Lula Côrtes
Triângulo: Kátia de França
Violão * & Viola 10 cordas: Zé Ramalho
05. Dança das Borboletas
(Zé Ramalho / Alceu Valença)
Guitarras & Pedais eletrônicos: Sérgio Dias
Tímpanos, Percussões & Efeitos: Chico Batera
Baixo Elétrico: Chico Julien
Viola 10 cordas: Pedro Osmar
Violão ovation: Zé Ramalho
06. Bicho de 7 Cabeças
(Zé Ramalho / Geraldo Azevedo)
Violão ovation: Geraldo Azevedo
Viola 10 cordas: Zé Ramalho
Violão 7 cordas: Arnaldo Brandão
Zabumba, Ganzá & Pandeiro: Bezerra da Silva
Título da música: Renato Rocha
07. Adeus 2ª Feira Cinzenta
(Zé Ramalho / Geraldo Azevedo)
Flauta: Altamiro Carrilho
Violão 7 cordas: Arnaldo Brandão
Viola 10 cordas & vocal: Pedro Osmar
Cavaquinho: Dav* T*
Pandeiro: Chico Batera
Violão ovation: Zé Ramalho
08. Meninas de Albarã
(Zé Ramalho)
Sax soprano: Paulo Moura
Violão Folk: Vinicius Cantuária
Baixo elétrico: Arnaldo Brandão
Percussão: Chico Batera
Guitarra elétrica: Paulo Raphael
Violão ovation: Zé Ramalho
09. Voa Voa
(Zé Ramalho)
Sanfona: Kátia França
Zabumba: Bezerra da Silva
Tricórdio: Lula Côrtes
Baixo Elétrico: Chico Julien
1ª Flauta: Lourenço Baêta
2ª Flauta: Oswaldo Garcia
Violão ovation & triângulo: Zé Ramalho
Ficha Técnica
Direção Artística: Jairo Pires
Direção de Produção: Carlos Alberto Sion
Arranjos de base: Zé Ramalho
Arranjos de cordas e côro: Paulo Machado
Dirigido por: Manoel Magalhães
Técnicos de gravação: Manoel Magalhães e Eugenio de Carvalho
Técnico de Mixagem: Eugenio de Carvalho
Gravado e mixado nos Estúdios/CBS - 8 canais
Rio de Janeiro - Novembro/Dezembro 1977
Arregimentador: Gilson de Freitas
Capa/Fotos/Programação Visual: Mario Luiz Thompson
Logotipo: Ciro Fernandes
Montagem: Carol Joan Astbury
Agradecimentos Especiais:
Hildebrando - Zé Mariano - Luiz Alphonsus
Lygia Itiberê da Cunha - Roberto Talma
Luiz Carlos Guides - Augusto Cesar Vanucci
Desenvolvimento de arte: Carlos Enrique M. de Lacerda
Direção de arte: Géu
Reedição (2003) produzida por Morcelo Fróes
Coordenação geral: Joselha Teles
Gerência de marketing estratégico: Mylla Vieira
Adaptação gráfica: Telma Ribeiro
Escaneamento e tratamento de imagens: Lêka Coutinho (L&A Studio)
Coordenação gráfica: Daniela Conolly
Agradecimentos: Zé Ramalho, Roberta Ramalho, Lívia Carvalho, Marcos Fabrício, Alexandre Schiavo, José Soares, Cláudia Boechat, Adriana Vendramini, Maria Consuelo e Otto Guerra