quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Alceu Valença - Quero me acabar cantando (Entrevista) [1975]





Alceu Valença - Quero me acabar cantando (Entrevista), Novembro de 1975
Revista Pop por Eduardo Athayde

*Para ler a entrevista basta clicar na imagem ou fazer o download.

Psicodelia brasileira: um mergulho na geração bendita (Livro)

"São mais de 200 páginas de relatos, fotos, recortes e letras de músicas dos artistas que compuseram a tal cena psicodélica brasileira dos anos 60 em diante.
Apuramos e escrevemos este livro em 2007, como nosso trabalho de conclusão de curso na Faculdade Cásper Líbero. Foram mais de 60 entrevistas feitas em vários estados do país e de todas as maneiras possíveis. São dezenas e dezenas de fotos, recortes e depoimentos de pessoas que acreditaram no nosso trabalho.
Mas, mesmo depois de todo esse tempo, ainda recebemos semanalmente pedidos de acesso à obra. Costumamos responder caso a caso, mas desta vez resolvemos liberar para que o livro possa ser livremente consultado.
Como o trabalho foi feito com a confiança e o apoio das dezenas de entrevistados, que nos contaram preciosidades de suas vidas, optamos por restringir o acesso parcialmente: apenas a republicação e divulgação estão liberados. Qualquer outro uso (obras derivadas, fins comerciais) é vedado. Todas as imagens incluídas neste livro foram gentilmente cedidas por entrevistados e outros colaboradores para serem utilizadas exclusivamente neste trabalho acadêmico.
Não podemos deixar de agradecer também ao designer Thiago Silvestrini, que virou algumas madrugadas diagramando a obra em um projeto gráfico incrível.
Nós gostaríamos de ter dado um exemplar da obra para todo mundo que contribuiu com ela. Mas isso foi impossível. Então, virtualmente, aqui fica o nosso trabalho e a nossa gratidão. Esperamos que o livro ajude a reconstruir uma cena que ficou por muito tempo esquecida, e que inspire outras pessoas a redescobrirem o nosso passado, tão rico e interessante."

 (Por Aline Ridolfi, Ana Paula Canestrelli e Tatiana Dias)






A Turma do Beco do Barato (Antologia 70) [2004]


Músicos responsáveis pela realização do primeiro disco independente da cena fonográfica brasileira voltam para o estúdio, 30 anos depois, e gravam preciosidades que, caso contrário, se perderiam na memória 


A turma do Beco do Barato está de volta. Almir, Lailson, Marco Polo, Lula Cortês, Dicinho e Ivinho reuniram-se para gravar de novo, trinta anos depois de terem desencadeado um movimento musical underground no Recife, ao qual a imprensa da época prestou pouca atenção. Quem assina a produção é outro veterano do Beco do Barato, Zé da Flauta, em cujo estúdio, Plug, as músicas foram gravadas. 

O Beco do Barato, um bar localizado na Boa Vista, que nos anos 70 foi palco de memoráveis apresentações desta turma não existe mais. Alguns dos músicos também. Uns poucos entraram no barato e encontraram um beco sem saída. Outros não fazem mais música. 

A razão da volta destes remanescentes dos 70 não foi uma crise aguda de nostalgia. O projeto, intitulado Antologia 70 (o disco deve chamar-se O Grande Reencontro, ou A Turma do Beco do Barato), foi idéia de um fã do Ave Sangria, o engenheiro Humberto Felipe (ele chegou participar de um Ave Sangria cover). O produtor cultural Flávio Domingues encampou o projeto e, através da Lei de Incentivo, conseguiu o patrocínio. Dinheiro garantido, foi só fazer a convocação. 

"Era para ter mais gente. Queríamos trazer Tiago Araripe, que liderou um grupo chamado Nuvem 33, mas não conseguimos. Tentamos Flaviola, também não deu. Então fizemos com os músicos que moram aqui no Recife mesmo", conta Zé da Flauta. Procurou-se gravar canções da época, mas se evitou ao máximo as regravações pura e simples. "Marco Polo, por exemplo, gravou músicas que o Ave Sangria só apresentou em shows. Exceção foi uma versão bem diferente de O Pirata", adianta o produtor. 

Entre as canções cantadas por Marco Polo, está O Marginal, uma de suas composições mais fortes, inexplicavelmente ausente do único álbum lançado pelo Ave Sangria. Também resgatadas, literalmente, foram Vacas Roxas e Anjos de Bronze, composições do trio Phetus. O grupo, formado por Lailson, Zé da Flauta e Paulo Rafael, terminou em 1973, sem deixar nada gravado. "Pintaram um edifício de 25 andares/ Onde pastavam minhas vacas roxas" são os versos iniciais de Vacas roxas, classificado por Lailson como um "rock psicodélico country". Já Anjos de Bronze é no estilo néo-gótico que fez a fama do Phetus em sua breve carreira (seus shows começavam sempre à meia-noite). 

Almir, baixista do Ave Sangria, comenta irônico que depois de 53 anos de vida, finalmente irá escutar a própria voz em um disco. Ele gravou duas composições suas incluídas no LP do Ave Sangria: Dois navegantes e Fora da paisagem. "Quando a banda ainda era Tamarineira Village, eu, João Luís, Marco Polo, todo mundo cantava. Depois, Ivinho despediu João Luís, o baixista. Então eu peguei o baixo. O problema é que não tenho jeito de cantar e tocar baixo ao mesmo tempo. A tendência natural foi Marco Polo, que cantava muito bem, ficar como vocalista do Ave Sangria", explica. Nas sessões no estúdio Plug, o baixo foi manejado por Dicinho, que tocou no Tamarineira Village quando o grupo começou, em 1972. Depois, ele foi da banda de Alceu Valença e tocou com Jackson do Pandeiro. 

O irrequieto Lula Cortês foi a exceção à regra. Preferiu gravar duas músicas que estão em discos seus: As estradas (do CD gravado há cinco anos com o Má Cia.) e Dos Inimigos (do álbum O Gosto Novo da Vida, de 1980). 

Marco Polo fez comparações destas sessões com as que o Ave Sangria realizou em 1974. "Quando a gente gravou a primeira vez, foi um parto difícil, ninguém entendia nada de estúdio, nem o produtor, um cara da Jovem Guarda, Márcio Antonucci, dos Vips. Agora não, todos estão tocando melhor, com mais experiência de estúdio". Ele optou por arranjos simples, como teria feito se houvesse gravado estas canções na sua antiga banda. E aí o guitarrista Ivinho foi fundamental. Com problemas de saúdes há muitos anos, Ivinho não toca profissionalmente desde meados dos anos 80, mas o talento continua quase o mesmo. "Ele arrasou", sintetiza Zé da Flauta, impressionado com a memória musical de Ivinho: "Ele foi brilhante", enfatiza. 

Os músicos concordaram em lançar O Grande Reencontro depois do Carnaval, em um show, com local ainda a ser definido. Daqui a dois meses, portanto, as novas gerações vão conhecer a música da turma do Beco do Barato e fazer, segundo a metáfora de Lailson, "uma viagem pela avenida da memória".

(Por José  Teles)




Faixas:
01. As Estradas (Lula Côrtes)
02. Vacas Roxas (Phetus)
03. Boi Ruache (Marco Polo)
04. Marginal (Marco Polo)
05. Dois Navegantes (Almir de Oliveira)
06. O Pirata (Marco Polo)
07. Dos Inimigos (Lula Côrtes)
08. Anjos de Bronze (Phetus)
09. Fora da Paisagem (Almir de Oliveira)
10. Dia-a-Dia(Marco Polo)
11. Janeiro em Caruaru-Noturno Nº Zero-Mina do Mar (Marco Polo)

Todas as músicas são interpretadas por seus autores, exceto a faixa 3, composta por Israel Semente Proibida.

Marco Polo - Disco inédito



Disco solo nunca lançado do vocalista da Ave Sangria.


Alceu Valença - Vou Danado Pra Catende [1975]




Alceu Valença e o grupo Trem de Catende, que contava com parte dos integrantes da banda Ave Sangria. Vídeo produzido para o Festival Abertura, realizado pela Tv Globo, onde a música foi contemplada na categoria "Pesquisa".

Alceu Valença (voz e violão);
Zé Ramalho (voz e viola);
Lula Côrtes (tricórdio);
Zé da Flauta (flauta);
Ivinho (guitarra);
Paulo Raphael (baixo);
Israel Semente Proibida (bateria);
Agricinho Noia (percussão);

*Percussionista do lado direito não identificado.

Lula Côrtes & Má Companhia - Ao vivo no Curupira [2004]



Lula Côrtes & Má Companhia - A vida não é sopa [2006]




Download: A vida não é sopa [2006]

Faixas:
01. Eu fiz pior
02. Versos perversos
03. A seca
04. Israel
05. O balada cavernosa
06. O clone
07. O indiozinho
08. Tá faltando ar
09. Qualquer merda
10. Pense e dance

Gravado ao vivo na Estação do Som em 1997, mas lançado apenas em 2006 pelo selo ‘Sopa Diário’.

Lula Côrtes & Má Companhia - Lula Côrtes & Má Companhia [1996]



Download: Lula Côrtes & Má Companhia [1996]

Faixas:
01. Reduzido à pó
02. A tirana
03. Meus caros amigos
04. As estradas
05. Nasci para chorar (Erasmo Carlos)
06. Balada do tempo perdido
07. A força da canção
08. Rock do segurança (Gilberto Gil)
09. Os piratas
10. O homem e o mar

Ave Sangria - Sons de gaitas, violões e pés (Documentário) [2008]




Durante os anos 70, chocaram o público com canções poéticas e libertárias, misturando ritmos regionais com o rock pesado em uma época bastante avessa à livre criatividade. Estes eram os integrantes da banda Ave Sangria, ex-Tamarineira Village.
Direção: Raynaia Uchoa, Rebeca Venice e Thiago Barros

Lula Côrtes & Jarbas Mariz - Bom Shankar Bolenajh [1988]




Nesse disco instrumental (na linha do disco "Satwa") do grande músico, e psicodélica pessoa, Lula Côrtes (que, infelizmente, nos deixou esse ano) o paraibano Jarbas Mariz toca a viola de 12 cordas. Jarbas também participou dos discos Paêbiru e Rosa de Sangue, todos  considerados "manifestos" da música Nordestina dos anos 70 e 80, hoje reencontrados, graças ao advento da internet, e considerados "cult", entre os aficcionados por música de todo o mundo.

Além disso o disco aqui postado tem participações do lendário guitarrista Ivinho (Ave Sangria) nas músicas "Maracatau Pesado" e "Inverno I e II", do baixista Paulo Ricardo (RPM) em "Eu Tentei" e Oswaldinho do Acordeon em "Forró pro Mundo Inteiro".





Download: Bom Shankar Bolenajh [1988]

Faixas:
01.Balada Para Quem Nunca Morre
02.Orvalho na Paisagem
03.Shotsy (Síntese do Oriente e Ocidente)
04.Valeu a Pena
05.Forró Pro Mundo Inteiro
06.Eu Tentei
07.Maracatu Pesado
08.Inverno I e II
09.Tema Para Christina

Ricardo Uchôa - Indra [1981]





Aluno do mestre Sivuca na infância, que me introduziu arranjos e harmonias nas calmas tardes de aulas particulares, ao abrir o portão, uma cadeira a espera, e o mestre sentado com a sanfona no colo. Lá pude ouvir seus arranjos, receber informações de base, solos e acompanhamentos, tudo ficou guardado até um dia ter contato direto com outros músicos; veio o amigo Lula Côrtes com seu tricórdio, em outras mansas tardes de Beberibe junto a Zé Ramalho, Tito Livio, Don Tronxo, Erasto Vasconcelos, Agricinho Nóia, Israel Semente, Ivinho, Geraldinho Azevedo, Marconi Notaro, Alceu Valença e outros poetas.

As turnês, os ensaios, a vida abrindo janelas, amores, pensamentos e tempo para refletir na vida trouxeram uma forma de expressão lá dos cadernos confidentes que foram abrindo novas folhas, a viola, a percussão com o Flor de Cactus e no show ao vivo em Natal com Agrício na banda de Alceu, até que em Candeias junto aos cavalos e a beira do mar se abriu o velho baú com tudo vindo a tona tentando compreender, filosofia e vida.

Não havia musica nos poemas, eu nem sabia que o que eu escrevia era poema, pensava que era só uma forma de ver e falar a mim mesmo os fatos e emoções. Foi nessa época em uma visita de Don Tronxo em Candeias na qual ele pegou meu caderno e lendo, olhou pra mim e disse: “isso é musica”. Nesse dia fizemos “Candeias” gravado por ele, depois, passei a olhar e colocar as mais simples harmonias nos escritos e fizemos “Rouxinol” que virou um xote cadenciado e foi gravado por Guadalupe e depois por Alceu Valença, das fotografias que eu pintava apos um sonho chegou o “Blue d’Aurora”, outro poeta e amigo aviador o “Damata” me falou de Henrique que estava estudando bateria e sugeriu uma visita minha, lembro que selei o cavalo “ouro preto” peguei o violão e fui galopando ate a casa do Henrique em Piedade, onde para surpresa, lá encontrei o Risashi (guitarra) e o Zeco (baixo), a banda estava formada. Voltando pra casa depois do primeiro ensaio escrevi “Cavalo do Tempo” que depois, lembro ter andado com o Alceu em candeias cantarolando, foi tudo muito espontâneo e bonito, acordei no meio da noite com o vento que abriu a porta e escrevi “Noites de vento”. Em uma madrugada sentei na areia para assistir o nascer do sol, ao lado achei uma caneta, enfiada na areia, um papel no bolso e escrevi “Muitas belezas eu vi” olhando a prata no mar e ouvindo as folhas dos coqueiros.

Com umas onze músicas selecionadas, o próximo passo foi tentar gravar o LP “independente”(o que custou minha geladeira pra completar o pagamento do estúdio), fizemos com o Janjão no estúdio do Zé da Flauta. Durante a gravação de surpresa, convidei o Ivinho, o Israel Semente, Agricinho, Erasto e o disco foi sendo montado conforme estava na minha cabeça, chegavam os músicos, ouviam a base e colocavam seus arranjos.

Fase final: Com a fita demo, viajamos para o Estúdio Eldorado para a mixagem junto com o Indra que inspirou o nome do disco e Cristina Lundgren. Tiramos 1.150 copias do LP, fizemos a capa e distribuímos.

(Por Ricardo Uchôa para o Som Barato)






Download: Indra [1981]

Faixas:
01. Mar de luz
02. Carrapixo
03. Pingo
04. Cor de maduro
05. Aranha verde
06. Andar pela chuva
07. Muitas belezas eu vi
08. Cavalo do tempo
09. Blue d'aurora
10. Noites de vento
11. Mensagens de luz

Zé da Flauta & Paulo Rafael - Caruá [1980]


Dois dos mais talentosos músicos da música brasileira, o guitarrista Paulo Rafael e o pifeiro e flautista Zé da Flauta são responsáveis pela sonoridade dos melhores discos de Alceu Valença. Começaram tocando com outros músicos da "mesma turma" como Don Tronxo, Agrício Noia, Zé Ramalho, Lula Côrtes, Robertinho do Recife, Marconi Notaro Flaviola e outros.

O resultado dessas sessões ficou espalhada nos discos gravados pelo selo Mocambo-Rozenblit na primeira metade do anops 70 como "No sub-reino dos Metazoários"de Marconi Notaro, "Flaviola e Bando do Sol", de Flaviola e Paêbirú, obra-prima cometida por Zé Ramalho e Lula Côrtes entre 74 e 75.

Paulo Rafael iniciou sua carreira no Recife com a banda Phetus, indo logo depois para o Ave Sangria onde toca com Marco Polo(vocais) Ivinho (guitarra solo e violão) Almir (baixo), Israel Semente Proibida (bateria) e Juliano (percussão). Um dos grandes estilistas da guitarra no país, seu timbre (e também sua aparência física lembra) lembra Brian May, do Queen além de serem detectadas influências de Robert Fripp e Jeff Beck. O jazz abaiãozado da sua guitarra pode ser encontrado em CD na trilha sonora do filme "O Baile Perfumado" e em seu album solo "Paulo Rafael ", de 1988 .

Zé da Flauta, como garantem seus colegas do Quinteto Violado é "pifeiro nato, único ofício. Definitavemte músico". No final dos anos 80 torna-se também produtor, dando força a figuras como o forrozeiro Jacinto Silva, Toinho das Alagoas Heleno dos Oito Baixos e outros.

Lança com Paulo Rafael, o LP "Caruá", em 1980, contando com a participação de Lenine, Lula Côrtes, e de Luciano Pimentel (baterista do Quinteto Violado). O LP é composto em sua maioria de temas instrumentais, onde os climas sonoros propiciados pelos dois parceiros são um must para apreciadores da música instrumental.

O lado buliçoso do disco fica por conta do forró "Zé Piaba", de Zé da Flauta, onde se destaca a interpretação inspirada de Lenine e a bateria inconfundível de Luciano Pimentel - vide as suas inconfundíveis "quebradas" no aro da bateria.



Download: Caruá [1980]

Faixas:
01. Sai Uma Mista (Zé da Flauta)
02. Rebimbela da Parafuseta (Paulo Rafael)
03. Baião da Barca (Zé da Flauta)
04. Ponto de Partida (Zé da Flauta / Paulo Rafael / Wilson Meireles)
05. Tema da Batalha (Paulo Rafael)
06. Fora de Órbita (Paulo Rafael)
07. Entardecer (Paulo Rafael)
08. Zé Piaba (Zé da Flauta)
Participação: Lenine
09. Gota Serena (Zé da Flauta)

Produção e Arranjos: Paulo Rafael e Zé da Flauta



Lula Côrtes - O Gosto Novo da Vida [1981]




Download: O Gosto Novo da Vida [1981]

Faixas:
01. Desengano
02. Dos Inimigos
03. Lua Viva
04. São Várias as Trilhas
05. Patativa
06. Canção da Chegada
07. Quadrilha Atômica
08. Brilhos e Mistérios
09. Gira a Cabeça
10. O Morcego


Arranged by Lula Côrtes, João Lira, Sérgio Kirillos

Lula Côrtes - voice (1,2,3,4,5,7,8,10)
Dominguinhos - accordion (3,7)
Thalles Silveira - bass (1,2,3,4,7,8,10)
Israel Semente - drums (1,2,3,4,7,8,10), percussion (4,8,10), bass (5)
João Lyra - acoustic guitar (1,2,3,4,5,7,8,10), viola (4,5,7,8), guitar (8), percussion (4,10)
Niltinho Rangel - guitar (1,2,3,4,5,7,8,10)
Sergio Kyrillos - keyboards (1,2,3,4,5,7)
Marcio Wernek - sax (1,2)
Bira - congas (8)
Zé da Flauta - flutes (4,5,10)

Lula Côrtes - Rosa de Sangue [1980]


Cantor e compositor, na década de 1970 foi um dos primeiros a fundir ritmos regionais nordestinos com o rock and roll, juntamente com Zé Ramalho e outros artistas. 

Obra: Em 1972, lança, com Laílson, o LP Satwa (Rozemblit, Recife); em dezembro de 1974, termina a gravação do álbum duplo "Paêbiru", com Zé Ramalho, mas o álbum não é lançado porque a gravadora Rozemblit, foi atingida por uma grande enchente; LP O Gosto Novo da Vida (Ariola); LP Rosa de Sangue (Rozemblit; não chegou ao mercado por conta de briga jurídica com a gravadora); LP A Mística do Dinheiro (gravado pela Rozemblit mas nunca lançado); LP O Pirata (gravado em São Paulo e também nunca lançado); LP Nordeste, Repente e Canção (Discos Marcus Pereira); CD Lula Cortes & Má Companhia (1997). 

É, também, pintor e lançou livros de poesia, entre os quais "Bom Era Meu Irmão, Ele Morreu, Eu Não". 







Download: Rosa de Sangue [1980]

Faixas:
01. Lua Viva
02. Balada da Calma
03. Casaco de Pedras
04. Nordeste Oriental
05. Bahjan - Oração para Shiva
06. São Tantas as Trilhas
07. Noite Prêta
08. Dos Inimigos
09. A Pisada é Essa
10. Rosa de Sangue

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Flor de Cactus - Flor de Cactus (compacto) [1979]




A maioria dos artigos ou discografias de Lenine mencionam como sendo seu primeiro disco, o LP "Baque Solto" que ele gravou em 1983 junto com seu parceiro Lula Queiroga.
Na verdade, a primeira gravação do pernambucano aconteceu em 1979 quando ele fazia parte do grupo "Flor de Cáctus", que também não é o mesmo Flor de Cáctus do Rio Grande do Norte, que gravou 3 LPs e acompanhou Zé Ramalho em alguns shows.
O "Flor de Cáctus" de Recife era formado por André Luiz na viola, Cacá no baixo elétrico, Mário Lobo no piano, Plínio na flauta, Sérgio Campello na bateria e percussão, Zé Rocha no violão e Lenine no violão e voz. Contava também com Paulo Rafael, ex-Ave Sangria, como participante especial, na guitarra. Desses integrantes, Zé Rocha, parceiro de Lenine, continua com sua carreira solo, já tendo gravado inclusive CDs.
O Flor de Cáctus gravou apenas esse compacto pelo selo Matita Discos, de Recife, que era de Zé da Flauta, que produziu o disco em parceria com o próprio grupo e Paulinho da Macedônia. O compacto traz no lado A - "Festejo" de Zé Rocha e André Lobo e no lado B - "Giração" de Lenine. Um disco raro e importante para quem coleciona a obra de Lenine.

(Por Henrique "Gato Vinil" Alvarez)



Download: Flor de Cactus (compacto) [1979]

Faixas:
01. Festejo
02. Giração


Ficha Técnica:
Músicos:
André Luiz - viola
Caca - baixo elétrico
Lenine - voz e violão
Mario Lôbo - piano
Plínio - flauta
Sérgio Campello - bateria e percussão
Zé Rocha - violão

Participação especial de Paulo Rafael - guitarra

Arranjos por Flor de Cactus

Aratanha Azul - Aratanha Azul (compacto duplo) [1979]


A Aratanha Azul surgiu em 1973, como uma espécie de banda de colégio. Thales Silveira (contrabaixista) e João Maurício (guitarrista) estudavam juntos no Colégio de Aplicação e eram aficionados por rock’n’roll. Zaldo Rocha Filho (tecladista) conheceu a ambos, de olho nas coleções de discos deles: a de Thales, dos Beatles, e a de João, dos Rolling Stones. Daí, para se juntarem e formarem uma banda foi uma conseqüência não mais que ‘supernatural’ – só para lembrar Carlos Santana.

Todos eram muito novos na época. O mais velho, João Maurício, tinha 18 anos de idade, seguido por Zaldo, 17, e Thales, 14. A bateria, inicialmente, ficou a cargo do colega Flávio Menezes, 15. Mas não por muito tempo.
Com a saída de Flávio, e já com a proposta de levar o projeto a sério, o trio inicial buscou outro baterista. Paulo Daniel, primo de Zaldo de apenas 12 anos, vivia “batendo lata para mim”, como lembra o tecladista. Fizeram uns testes e decidiram incorporá-lo à Aratanha.

Esta formação foi responsável pelos quatro anos de trajetória do grupo, e pelo ressurgimento, agora em 2000. “Paulo era tão pequeno que a bateria o encobria, junto com o cabelo”, conta o primo.

A estréia oficial do grupo se deu em outubro de 1974, durante a Semana de Arte do Colégio Padre Abranches. Apesar da sombra da ditadura estar sempre presente, era um período especial para o que se poderia chamar de a gênese da música pop pernambucana. Laílson e Lula Côrtes haviam lançado o Satwa, um ano antes; e o grupo Ave Sangria o LP homônimo, no mesmo ano. “A gente era fã do Ave Sangria”, afirma Thales.

Seguiram-se diversos espetáculos pela capital pernambucana e, depois, por outras cidades do Nordeste. Zaldo recorda que, antes de se apresentar, a Aratanha ensaiava pelo menos uns três meses. “Cada show tinha que ter coisa nova, porque a gente tocava muito no Recife”, explica Thales.
As canções mostradas por várias escolas (São Bento, em Olinda; São Luís, no Recife, quando da inauguração da quadra de esportes) e teatros (do Parque; Valdemar de Oliveira), formaram um repertório com mais de 50 composições. Destas, apenas três contam com registro fonográfico – o compacto duplo Aratanha Azul, prensado pela Rozenblit em 1979, que traz ainda uma releitura do choro Escorregando, de Ernesto Nazareth.

“As músicas eram super-censuradas, principalmente as que tinham relação com sexo, religião e drogas”, relembra Zaldo. “Numa delas, eu apenas falava a palavra ‘Deus’ e eles (os censores) não acharam adequado ao contexto”.
*Zaldo Rocha, que além de tocar piano e órgão também cantava, revelou-se o principal compositor da Aratanha Azul. Quando da formação do grupo, ele havia chegado recentemente dos Estados Unidos – onde fizera um ano de intercâmbio – e se encontrava sob forte influência do que escutara lá fora (Jimi Hendrix, Led Zeppelin, Beatles e Stones). “Eu havia parado e voltei a tocar piano. Curtia muito Rick Wakeman e o Yes também. Yes era ‘a’ banda. Mas eu curtia muito o piano de Chopin”, ressalta.

A banda que mais influenciava a Aratanha, contudo era a Rolling Stones. Não apenas no aspecto musical, mas também no que dizia respeito a performance e cenários no palco. Em alguns shows, Thales e João iniciavam com um duo de violão. O Teatro do Parque era o local preferido, “a casa do Aratanha”, como define Zaldo. “Foram os melhores shows”, lembra.

Além dos músicos da banda havia uma ‘galera’ de amigos que ajudava na produção, fazendo luz, cenário e espalhando cartazes pela cidade com um balde de grude. “No último ano (1978), a gente fez uma turnê até Salvador (passando por Maceió), com esses amigos, sem pagar nada”, conta Zaldo.
O tecladista lembra que dois componentes da equipe de apoio viajavam em uma Kombi com toda a parafernália, enquanto os músicos seguiam de ônibus regular. “Como eu era aluno do Conservatório, gostava mais de tocar com piano (um modelo ‘de armário’). A gente andava o Recife todo com ele na Kombi. Uma vez, subimos o Pelourinho (na Bahia) com um piano de (meia) cauda”.

Tamanha produção resultava, segundo Zaldo, João Maurício e Thales – que hoje vivem no Recife – em ótimo retorno por parte do público. “Em 1976, no aniversário da banda”, diz o baixista, “colocamos no Parque mais gente do que (Raimundo) Fagner, que se apresentou uma ou duas semanas depois”.
No ano seguinte, eles viriam a tocar na primeira edição do festival Vamos Abraçar o Sol, ao lado de Cães Mortos e Flor de Cactus. Em 1978, gravariam o único disco da carreira, e dariam por encerrada a trajetória da Aratanha Azul.

O (QUASE) FIM – Em janeiro de 1979, quando a gravadora Rozenblit colocara o compacto duplo da Aratanha no mercado, o grupo já não existia mais. Zaldo decidira ir estudar Música na Universidade de Campinas, onde permaneceria para cursar mestrado e doutorado em Lingüística; João Maurício, já formado pela Faculdade de Direito do Recife, seguira para a capital paulista onde faria mestrado e doutorado na Universidade de São Paulo; e Paulo Daniel, pouco tempo depois, fora ao Rio de Janeiro – onde vive até hoje –, para trabalhar como músico.

Thales continuara no Recife, ministrando aulas no Conservatório. A música, contudo, permaneceu o principal elo de ligação entre os amigos. Nos anos 80, João chegou a tocar com Zaldo em alguns festivais, interpretando inclusive frevos do conterrâneo Nelson Ferreira.

E foi com a volta de Zaldo para o Recife, em 1997 – João já havia retornado para lecionar na Faculdade de Direito –, que eles começaram a amadurecer a idéia de reativar o quarteto. Pelo menos para registrarem em CD o repertório da Aratanha e (quem sabe?) fazer um show de lançamento. “Era para comemorar os 25 anos da banda”, diz Zaldo. Paulo Daniel virá exclusivamente do Rio de Janeiro para este feito. A trupe entra em estúdio em janeiro de 2001.



Faixas:
01. A história de vicente silva
02. Escorregando
03. Tema
04. Como os aviões

Zé Ramalho - Zé Ramalho da Paraíba [2008]


Zé Ramalho da Paraíba (2008) - Nos dois volumes desse disco, o descobridor Marcelo Fróes, do selo Discobertas, achou e reuniu gravações esquecidas de Zé Ramalho. Além da faceta cantor/compositor, o paraibano mostra no álbum seu forte lado de bluesman e guitarrista. Tem o climão e a sonoridade dos velhos bootlegs perdidos. Grata surpresa de sua produtiva carreira.

A maior parte das gravações são do tempo em que o forasteiro recém-chegado ao Rio de Janeiro, José Ramalho Neto (após acompanhar o músico pernambucano Alceu Valença), iniciava carreira própria. Tempos difíceis, conforme contou. Como ainda não tinha na mão as canções de seu primeiro LP, por volta de 1977, Zé fez tentativas no "Sul" que não deram em nada:

"O repertório era basicamente de músicas de rock, mas não chamava público. Sem ter disco gravado, uma carreira, na vida artística você é considerado aspirante", justificou na entrevista que deu à última Rolling Stone.

Os blues rock "Táxi Lunar" e "Jacarepaguá Blues", e o rock'n'roll balançado da crítica "Paraíba Hospitaleira", marcam o período desbravador.



Faixas:
01. Táxi-lunar 
02. Jacarepaguá blues 
03. O autor da natureza 
04. Brejo do Cruz 
05. Puxa-puxa 
06. Luciela 
07. Paraíba hospitaleira 
08. Terremotos 
09. Falido transatlântico
10. A árvore
11. A peleja de Apolo e Pan 
12. O astronauta 
13. Meninas de Albarã 
14. Aboio Eletrônico
15. O sobrevivente 
16. Jardim das Acácias
17. Avôhai
18. Adeus segunda-feira cinzenta
19. A dança das borboletas
20. O Monte Olímpia
21. Admirável Gado Novo


Zé Ramalho - Zé Ramalho [1978]



Apresentação (Texto original do LP)
Zé Ramalho

Este é o meu primeiro disco. O disco de estréia. Veio cheio de misticismo e idéias. Trouxe um linguajar diferente do usual. Através da mensagem do "Avôhai", música que abre o disco, com a participação de Patrick Moraz, tecladista do grupo inglês YES! Além de "Avôhai", traz "Vila do Sossego" e "Chão de Giz", músicas que viraram clássicos da M.P.B. com várias regravações de outros artistas. É o disco da chegada, transpondo a soleira do alcance musical. É um disco que nunca saiu de cartaz. Me orgulho dele e do seu tempo. Foi o início de tudo. Tudo começa com "Avôhai".

Texto da reedição, 2003
Marcelo Fróes

Nascido em Brejo do Cruz (PB) a 03/10/49, José Ramalho Neto passou a infância com o avô em Campina Grande e descobriu o rock’n’roll e o iê-lê-iê vivendo a adolescência em João Pessoa, ouvindo tanto a Jovem Guarda quanto os discos dos Beatles e de seus contemporâneos. Na virada dos anos 70, Zé Ramalho foi membro do grupo The Gentlemen, que gravou um álbum pela Rozenblit, mesma gravadora pernambucana por onde o lendário álbum duplo "Paêbirú" foi gravado, em parceria com Lula Côrtes no final de 1974, com participações de Alceu Valença, Zé da Flauta e outros.
Zé Ramalho da Paraíba, como chegou ao Rio em muitas idas e vindas, acompanhou Alceu Valença e chamou atenção. Resolveu estabelecer-se definitivamente na cidade após o carnaval de 1976, disposto a nunca mais voltar para o Nordeste. Aquela altura, já havia composto Avôhai, Vila do Sossego, Chão de Giz e A Dança das Borboletas, e depois de conhecer o produtor Carlos Alberto Sion no pier de Ipanema, entrou no estúdio da Phonogram para gravar uma demo. Não foi aceito, mas passou o ano visitando a RCA, a EMI-Odeon e a Som Livre, que também não se interessaram. O diretor de TV Augusto César Vanucci tornou-se fã e mostrou Avôhai à então esposa Vanusa, que decidiu gravar a música em São Paulo, com Zê ao violão.
Já perto daquele ano de 1976, Raimundo Fagner deu seu aval junto à diretoria da CBS - chamando atenção para o trabalho do amigo, o que fez com que o diretor artístico Jairo Pires se encantasse ao ouvir Avôhai. Imediatamente contratado no início de 1977, Zé Ramalho respirou aliviado e passou o ano fazendo shows no Rio. Uma versão de Avôhai chegou a ser registrada num estúdio de rádio, para que entrasse imediatamente na programação. Este primeiro disco solo de Zé Ramalho foi gravado em 8 canais no estúdio da CBS em novembro de 1977.
Todos os músicos tocaram de graça, animados com a oportunidade alcançada pelo cantor e compositor paraibano, inclusive o tecladista inglês Patrick Moraz, que estava gravando um álbum solo no Rio de Janeiro.
As bases foram gravadas com poucos músicos, tendo Zé até mesmo, usado apenas percussão e não bateria neste trabalho semi-acústico de incrível qualidade sonora. Também na parte eletrificada, o ex-Mutantes Sérgio Dias sensibilizou tanto por sua participação que ganhou três dos oito canais para seu apoteótico solo de guitarra em A Dança das Borboletas. Ninguém percebeu na ocasião que a fita estava chegando ao fim, e é por isso esta faixa encerra o primeiro lado do disco daquela forma.
Como o artista continuava morando num quarto alugado na Glória, a CBS decidiu hospedá-lo no Hotel Plaza de Copacabana para que fizesse o trabalho de divulgação com mais conforto. O disco teve ótima repercussão e o artista aproveitava para distribuir seu livrinho de cordel Apocalypse na entrada de seus shows. Zé Ramalho sentiu que a "coisa estava começando a acontecer" em meados de 1978, quando recebeu o primeiro dinheiro proveniente da execução pública de suas músicas.

janeiro, 2003


Download: Zé Ramalho [1978]

Faixas:
01. Avôhai
(Zé Ramalho)
Oberheim & Ar* Odissey: Patrick Moraz
Viola 12 cordas: Ivson Wanderley
Percussões: Chico Batera
Baixo: Chico Julien
Violão Folk & Viola 1o cordas: Zé Ramalho

02. Vila do Sossêgo
(Zé Ramalho)
Percussão: Chico Batera
Viola 10 cordas: Pedro Osmar
Órgão Hammond: Paulinho Machado
Baixo elétrico: Chico Julien
Violão ovation: Zé Ramalho
Côro: Zé Ramalho, Elba Ramalho, Luiza Maria, Diana Pereira, Terezinha de Jesus, Liz* Bravo
Cordas:
Violinos: *Gian Carlos P*, Alfredo Vidal
Viola: * Figueiredo Penteado
Cello: Alceu * Reis

03. Chão de Giz
(Zé Ramalho)
Violão ovation: Zé Ramalho
Baixo Elétrico: Chico Julien
Tricórdio: Lula Côrtes
Piano: Paulinho Machado
Côro: Elba Ramalho, Luiza Maria, Terezinha de Jesus, Diana Pereira, Liz* Bravo

04. Noite Preta
(Zé Ramalho / Lula Cortes / Alceu Valença)
Sanfona: Dominguinhos
Zabumba: Bezerra da Silva
Baixo Elétrico: Chico Julien
Tricórdio Elétrico: Lula Côrtes
Triângulo: Kátia de França
Violão * & Viola 10 cordas: Zé Ramalho

05. Dança das Borboletas
(Zé Ramalho / Alceu Valença)
Guitarras & Pedais eletrônicos: Sérgio Dias
Tímpanos, Percussões & Efeitos: Chico Batera
Baixo Elétrico: Chico Julien
Viola 10 cordas: Pedro Osmar
Violão ovation: Zé Ramalho

06. Bicho de 7 Cabeças
(Zé Ramalho / Geraldo Azevedo)
Violão ovation: Geraldo Azevedo
Viola 10 cordas: Zé Ramalho
Violão 7 cordas: Arnaldo Brandão
Zabumba, Ganzá & Pandeiro: Bezerra da Silva
Título da música: Renato Rocha

07. Adeus 2ª Feira Cinzenta
(Zé Ramalho / Geraldo Azevedo)
Flauta: Altamiro Carrilho
Violão 7 cordas: Arnaldo Brandão
Viola 10 cordas & vocal: Pedro Osmar
Cavaquinho: Dav* T*
Pandeiro: Chico Batera
Violão ovation: Zé Ramalho

08. Meninas de Albarã
(Zé Ramalho)
Sax soprano: Paulo Moura
Violão Folk: Vinicius Cantuária
Baixo elétrico: Arnaldo Brandão
Percussão: Chico Batera
Guitarra elétrica: Paulo Raphael
Violão ovation: Zé Ramalho

09. Voa Voa
(Zé Ramalho)
Sanfona: Kátia França
Zabumba: Bezerra da Silva
Tricórdio: Lula Côrtes
Baixo Elétrico: Chico Julien
1ª Flauta: Lourenço Baêta
2ª Flauta: Oswaldo Garcia
Violão ovation & triângulo: Zé Ramalho



Ficha Técnica
Direção Artística: Jairo Pires
Direção de Produção: Carlos Alberto Sion
Arranjos de base: Zé Ramalho
Arranjos de cordas e côro: Paulo Machado
Dirigido por: Manoel Magalhães
Técnicos de gravação: Manoel Magalhães e Eugenio de Carvalho
Técnico de Mixagem: Eugenio de Carvalho

Gravado e mixado nos Estúdios/CBS - 8 canais
Rio de Janeiro - Novembro/Dezembro 1977

Arregimentador: Gilson de Freitas
Capa/Fotos/Programação Visual: Mario Luiz Thompson
Logotipo: Ciro Fernandes
Montagem: Carol Joan Astbury

Agradecimentos Especiais:
Hildebrando - Zé Mariano - Luiz Alphonsus
Lygia Itiberê da Cunha - Roberto Talma
Luiz Carlos Guides - Augusto Cesar Vanucci

Desenvolvimento de arte: Carlos Enrique M. de Lacerda
Direção de arte: Géu

Reedição (2003) produzida por Morcelo Fróes
Coordenação geral: Joselha Teles
Gerência de marketing estratégico: Mylla Vieira
Adaptação gráfica: Telma Ribeiro
Escaneamento e tratamento de imagens: Lêka Coutinho (L&A Studio)
Coordenação gráfica: Daniela Conolly
Agradecimentos: Zé Ramalho, Roberta Ramalho, Lívia Carvalho, Marcos Fabrício, Alexandre Schiavo, José Soares, Cláudia Boechat, Adriana Vendramini, Maria Consuelo e Otto Guerra



Ivinho – Montreux Jazz Festival (Ao Vivo) [1978]



A chamada nata da música brasileira já se apresentou no charmoso Festival de Montreux, mas poucos falam no artista pioneiro que pisou naquele palco famoso. Em parte, isso se deve ao sumiço do grande artista. Seu nome? Ivson Wanderley Pessoa, porém famoso no mundo todo simplesmente como Ivinho.

A sua fabulosa apresentação no Montreux Internacional Jazz Festival em 1978 lhe rendeu um precioso LP. Pouco tempo depois daquela impecável apresentação, refez a sua simples mala de viagem e embarcou para a Suíça a fim de dar nomes às sua perolas gravadas ao vivo que iam ser lançadas em disco.

E com simplicidade franciscana, este pernambucano que eu não sei quando e onde nasceu, cumpriu a sua missão desta forma:

Lado A
Faixa 1: Teimosia
Faixa 2: Cartão Vermelho
Faixa 3: Meditação (10 min. E 35 seg.)
Faixa 4: Frevo Único

Lado B
Faixa Única: Partida dos Lobos (23 min. E 56 seg.)

Todas as faixas são instrumentais e de autoria de Ivinho.

Quando o disco foi distribuído, o impacto causado pela capa não foi menor do que a incrível capacidade deste músico de arrancar belíssimos postais sonoros de uma viola de 12 cordas que apresentava um visível buraco na madeira do instrumento. Teoricamente, aquilo poderia ter uma influência extrema na sonoridade que o músico dela extraía, mas aos gênios tudo é possível por uma provável conspiração divina.

E somente com este disco, Ivinho gravou de forma indelével o seu nome entre os maiores músicos do mundo, mas da mesma forma que apareceu de forma grandiosa em Montreux, também desapareceu.

Aí entra uma coisa que quem escreve jamais deveria enveredar por este caminho: a vida pessoal do artista. No caso dele, é preciso que se coloque o mínimo de informações possíveis para que o leitor compreenda o porquê do seu sumiço do meio artístico depois dessa ascensão fora do Brasil.

Ivinho era figura carimbada entre os grandes músicos pernambucanos que ficaram conhecidos pelo país afora na década de 70. Quando se escuta a música “Avôhai” (avô e pai), de Zé Ramalho, e seus ouvidos são presenteados com aquela viola maravilhosa, era Ivinho que estava tocando. E Zé Ramalho foi muito justo: “ela foi arranjada pelo violonista pernambucano Ivson Wanderley. São dele os acordes inaugurais.”

Mas antes disso Ivinho tinha sido personagem de Paêbirú - Caminho da Montanha do Sol - idealizado anos antes por Lula Côrtes & Zé Ramalho. Neste disco, com sua potente guitarra, na melodia de “Maracas de Fogo”, um "heavy maracatu" conduzido pela sua palheta, o estúdio da gravadora Rozenblit testemunhou o seu enorme talento.

Solista de dedos ágeis, Ivinho também manejava uma guitarra-rock. É só conferir em "Geórgia a Carniceira" e "Corpo em Chamas", gravadas no único álbum do importantíssimo grupo Ave Sangria (ex-Tamarineira Village) do qual foi um dos fundadores.

Quando Alceu Valença apresentou no Festival Abertura, da Rede Globo, a música intitulada “Vou Danado pra Catende”, Ivinho era um daqueles estranhos cabeludos que tocavam no conjunto que o acompanhava.

Por que Ivinho não se transformou num Paulo Rafael ou Robertinho do Recife, já que em termos de talento musical não deve nada a ambos? Acho que faltou a Ivinho aquilo que hoje se chama “inteligência emocional”. Vejo um profundo desrespeito pelo artista quando alguns afirmam que ele “pirou”. Pessoas que se acham normais deveriam saber que a normalidade das pessoas é aquilo que faz a loucura delas, antes de saírem divulgando bobagens. Ivinho é do tempo do sexo, drogas (álcool incluído), rock e ditadura. Isso chegou até a matar gente porque era uma combinação fatal. Não sei nem por que Ivinho está vivo ainda! Veja o que ele disse de Israel Semente, músico contemporâneo seu, ex-integrante do Ave Sangria, respondendo a seguinte pergunta: foi você quem encontrou Israel Semente morto na rua?

“- Na rua não. Foi no quarto dele. Ele estava caído lá no chão, com a porta aberta. Mas quem o encontrou foi quem morava lá. A polícia já estava lá e já tinham dado como suicídio e eu não acredito que naquele ambiente tenha havido suicídio. Foi homicídio! Ele não tinha necessidade de se suicidar. Por isso que eu digo: eu vejo a faca tratando da galinha e cortando a carne e o pão, mas não vejo esses homens com fome e com a faca pra fazer o quê com a faca? Eu falo para um, para dois ou pra nenhum ou até para todos: quando eles disserem que é o meu violão, é o meu violão. Se eles disserem que é o seu revólver, é o seu revólver. Eu uso o quê? O meu violão. Quando pego no violão é pra fazer música, quando pego na faca é pra quê? É pra mexer na cozinha. E quem tem um revólver é pra quê? Pra matar! Olha, Israel só entrava lá se estivesse com o aluguel de 150 reais pago. Então? Israel era quatro paredes e um bujão de gás. Não sei se você me entende.” Nós entendemos, Ivinho.

Sobre como surgiu o famoso rombo na sua viola de 12 cordas, Ivinho falou o que se segue, em resposta à pergunta: Na capa do disco dá pra notar o buraco que você fez na viola. O quê danado te fez a viola?

“- Foi gravando “Anjo de Fogo” de Alceu. Foi uma discussão dentro do estúdio Som Livre, no Rio. Eu só gosto de levar as coisas pro estúdio depois que estão ensaiadas, pra não ficar discutindo com o cantor: É assim. Não é assim? É como? Aí tinha uma frasezinha errada… (Ivinho declama rapidamente toda a letra de “Anjo de Fogo”) 'Eu sou como o vento que varre a cidade/ Você me conhece e não pode me ver/ Presente de grego, cavalo de Tróia/ Sou cobra jibóia, Saci Pererê/ Um anjo de fogo endemoniado/ Que vai ao cinema, comete pecado/ Que bebe cerveja e cospe no chão/ Um anjo caolho que olhou os dois lados/ Dormiu no presente, sonhou no passado/ Olhou pro futuro e me disse que não…' Quando ele disse que “não”, não foi “não”, foi um nããããão mesmo! Com uma intensidade super alta, mudou a dinâmica da música (imita os sons da guitarra, da bateria, do baixo). Paulo Rafael não estava conseguindo fazer essa frase e eu com a viola estava conseguindo. Aí eu parei para apontar o erro e até hoje estão dizendo que quem estava errado era eu e não Paulo Rafael, mas como é que vou provar?”

No Rio de Janeiro, Ivinho foi requisitado para outras gravações, porém teve problemas numa delas, com Beth Carvalho, quando o produtor do seu disco distribuiu as partituras com os músicos e Ivinho que nunca as soube ler, achou que aquilo era uma provocação. Quase sai na porrada com o homem. Depois daquele incidente, Ivinho sobrou para tudo. Seu inferno astral atingiu o máximo quando foi internado várias vezes. Ele falou disso também:

“- Nos sanatórios não tem bebida alcoólica, mas tem drogas pesadas, como Flufenan, Dienpax, Gardenal e as leves com apenas cinco miligramas de tranqüilizantes. Tem café da manhã, almoço, janta, roupa lavada, mas não tem você sozinho, tem você com um bando de pessoas viciadas, pobres, alcoólatras jogados pra dentro de uma área fechada encarando uma psicóloga, encarando um psiquiatra. Começar todo dia tudo de novo, como há dezesseis anos atrás, é uma coisa que eu não quero mais! Se você é músico, você é músico, se você é policial, é policial, mas se é deficiente mental é o quê? É porque é doido? É porque não sabe fazer nada ou porque não tem uma profissão? É porque não conseguiu ganhar dinheiro com aquilo que sabe fazer?”

É não, Ivinho. É porque você fazia música por doação. Na verdade, acho que nunca passou pela sua cabeça ficar rico com a música. Aí está o seu grande mérito como artista: dar de graça, em forma de energia, aquele imenso talento que de graça também recebeu. Recebeu dele, de Deus!

Ivinho, antes de colocar aqui suas palavras finais, eu quero registrar as minhas: esta pequena viola arrombada que você levou da Vila dos Comerciários, no Recife, para Montreux, na Suíça, na certa você já a havia carregado por outros vales e colinas de onde tirou melodias que se tornaram eternas. Suas valiosas dádivas musicais caíram sobre nossos ouvidos e as conservamos na memória até hoje. Lembre-se de que as eras passam, mas você está vivo e pode continuar a nos dar outros presentes porque na música ainda há muito espaço para ser preenchido.

Agora,sim, suas palavras finais sobre como é o Ivinho hoje:

“- Ivinho hoje é mais pra melhor do que pra pior. Porque se ele continuasse mais um dia no centro da cidade, ele ia se lascar! Um dia eu matava um ou um ia querer acabar comigo. Um casal é dois pratos sobre a mesa, ela de olho nele e ele de olho nela, e uma criança como contrapeso na vida deles. Mas no meu caso não tem mais isso. Já casei, já descasei, eu já tive mulheres como dizia aquela música de Martinho da Vila. Mas agora na minha porta, no meu almoço não tem nenhuma! Eu não sei onde ficaram as mulheres. Hoje eu não tenho obrigação de ver homens internados, homens presos, homens de lá do centro da cidade. Hoje eu tenho a minha paz aqui, na Cidade Universitária, nesse espaço todo.”

Ivinho mora de aluguel no bairro chamado Cidade Universitária no Recife. Quem o conhece poderá encontrá-lo passeando pelo campus da UFPE (instituição onde já foi tese de mestrado) solto como uma ave liberta.


(Por Abílio Neto)


Download: Montreux Jazz Festival (Ao Vivo) [1978]

Faixas:
01 Teimosia (Ivinho)
02 Clarão vermelho (Ivinho)
03 Meditação (Ivinho)
04 Frevo único (Ivinho)
05 Partida dos lobos (Ivinho)

Alceu Valença - Espelho Cristalino [1977]



"A faixa-título é inspirada no folclore alagoano. Tem “A dança das borboletas”, em parceria com Zé Ramalho. Zé havia saído da banda para fazer seu próprio trabalho e entramos no estúdio, com Guto Graça Mello. Tudo ia bem até que ele resolveu utilizar um efeito em voz de que não gostei. Sempre tive um cuidado muito grande com minha sonoridade e protestei. Discutimos, ele abandonou a produção e mais uma vez eu conduzi a mixagem até o final. Fiz diversos shows no Rio e saí em turnê no fim daquele ano por várias cidades brasileiras."


Download: Espelho Cristalino [1977]

Faixas:
01. Agalopado (Alceu Valença) (*)
02. Maria dos Santos (Don Tronxo - Alceu Valença) (*)
03. Anjo de Fogo (Alceu Valença) (*)(***)
04. Veneno (Rodolfo Aureliano - Alceu Valença) (**)(*)
05. Espelho Cristalino (Refrão do folclore alagoano - Alceu Valença) (**)(***)(%)
06. Eu sou Você (Alceu Valença) (**)(##)
07. A Dança das Borboletas (Alceu Valença - Zé Ramalho) (**)
08. Sete Léguas (Alceu Valença) (**)(#)

Músicos:
Alceu Valença: Voz, Violão
Paulo Rafael: Guitarra, Viola (***)
Dicinho: Baixo
Israel: Bateria
Ivinho: Viola (*)
Hermann Torres: Viola (**)
Chiquinho: Acordeon
Beto Saroldi: Flauta, Pífaro
David:Pífaro
Agricio Noya: Maracas, Bongô, Guizos, Reco-Reco, Agôgôs, Triângulo
Louro: Zabumba, Agôgôs (#), Triângulo (##)
Emmanuel Cavalcanti: Coco de Embolar (%)

Coro em "Maria dos Santos", "A Dança das Borboletas" e "Espelho Cristalino ":
Tania Alves, Elba Ramalho, Marlui Miranda, Tinhazinha e Odaires.

Alceu Valença & Jackson do Pandeiro - Projeto Pixinguinha (Ao vivo) [1978]




“Toda a evolução da música nordestina, nos últimos trinta anos, estará sintetizada no show desta semana do Projeto Pixinguinha.” Assim o Jornal da Tarde anunciava, em 1 de maio de 1978, a chegada em São Paulo de uma das caravanas mais badaladas da segunda temporada do Projeto. À frente daquele espetáculo, dois grandes artistas nordestinos representando propostas e sonoridades bem diferentes da música popular brasileira. Um deles era o pernambucano Alceu Valença, cujo sucesso crescente na década de 70 se apoiava na releitura roqueira de gêneros tradicionais da música nordestina, como os que eram cantados por seu companheiro de viagem, o paraibano Jackson do Pandeiro, que fazia o Brasil remexer desde os anos 50.

“Jackson do Pandeiro para mim é a mistura de todas as raízes da música nordestina, é coco, é embolada, é marcha e é samba também. É uma grande alquimia, exercitando-se em todas essas variantes”, disse Alceu ao jornal carioca Luta Democrática, em 26 de abril de 1978, antes do início da turnê. “Alceu é um amigo, uma pessoa que vem fazendo muito pela música brasileira, só que renovando para furar o esquema, como o Gil fazia antes. Eu sigo no original e eles vão mudando para um outro tipo de acompanhamento”, retribuiu o mestre do suingue e do canto sincopado, ao Jornal de Brasília, em 1 de junho de 1978.

A admiração mútua foi meio caminho andado para o diretor Ginaldo de Souza propor um roteiro que privilegiasse a interação da dobradinha, como na abertura do espetáculo, quando alternavam exemplares de seus repertórios, como Vou Danado pra Catende (Alceu) e Forró em Limoeiro (Jackson). O roteiro ainda passava por alguns sucessos dos dois artistas, que se juntavam no fim para interpretar Papagaio do Futuro, de Alceu, que não à toa encerrava o espetáculo. Os versos da embolada-manifesto foram os primeiros que Alceu e Jackson cantaram juntos, em 1972, quando o primeiro convidou o ídolo para dividir a interpretação da música na última edição do Festival Internacional da Canção, produzido pela Rede Globo.

Além de Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília, a afinidade da dupla no Projeto Pixinguinha foi testemunhada por plateias de Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre e Belém, durante maio e junho de 1978, com um público total de 26.839 espectadores. No entanto, nem todos foram só elogios ao espetáculo, como o crítico Climério Ferreira, que publicou suas impressões no Jornal de Brasília de 4 de junho, primeiro exaltando a mistura “muito feliz” das gerações de seu ídolo de infância (Jackson) com o “repentista eletrificado” (Alceu). Mais adiante, porém, o texto não perdoou o som precário da Piscina Coberta, onde o Projeto Pixinguinha apresentava seus shows em Brasília naquele ano de 1978: “Ninguém ouvia Jackson, porque a junção dos dois conjuntos deu muito peso ao som, suplantando a voz do cantor. O público reclamou, com razão.” 

Naquele ano de 1978, Alceu Valença chegava ao Projeto Pixinguinha com cinco discos lançados, tendo sido o primeiro deles em 1972, em duo com o conterrâneo Geraldo Azevedo. Formado em Direito, chegou a trabalhar como jornalista no fim dos anos 60, antes de se mudar para o Rio de Janeiro, em 1971. Entre suas primeiras referências musicais (entre elas Elvis Presley e Little Richard) estava justamente Jackson do Pandeiro, que era nome de projeção nacional desde 1953. Foi naquele ano que estreou em disco, num 78 rotações da gravadora Copacabana, com dois sucessos imediatos: o rojão Forró em Limoeiro (Edgard Ferreira) no lado A e o coco Sebastiana (Rosil Cavalcanti) no lado B.

Em 1980, Jackson do Pandeiro voltou à estrada com o Projeto Pixinguinha, desta vez ao lado de Anastácia e Cátia de França.

(Por Pedro Paula Malta)



Download: Projeto Pixinguinha (Ao vivo) [1978]

Faixas:
01. Vou danado pra catende (Alceu Valença)
02. Forró em Limoeiro (Jackson do Pandeiro)
03. Sol e chuva (Alceu Valença)
04. Vou de tutano (Jackson do Pandeiro)
05. Maria dos santos (Alceu Valença)
06. Alegria do vaqueiro (Jackson do Pandeiro)
07. Agalopado (Alceu Valença)
08. Anjo de fogo (Alceu Valença)
09. Pisa na fulô (Jackson do Pandeiro)
10. Eu sou você (Alceu Valença)
11. Quando olho para o mar (Alceu Valença)
12. Espelho cristalino (Alceu Valença)
13. Rainha de Tamba / Canto da Ema / Um a um (Jackson do Pandeiro)
14. Tambor de crioula / meu boi não pode carriar / sebastiana (Jackson do Pandeiro)
15. Chiclete com banana (Jackson do Pandeiro)
16. Lágrimas / vou gargalhar / vou ter um troço  (Jackson do Pandeiro)
17. Amigo do norte (Jackson do Pandeiro)
18. Papagaio do futuro (Alceu Valença e jackson)
19. Papagaio do futuro - bis (alceu e Jackson do Pandeiro)

Alceu Valença - Dois Navegantes (Ave Sangria) [1974/75]



Alceu canta Ave Sangria acompanhado por Paulo Rafael em uma rádio curitibana.

Download: Dois Navegantes (Ave Sangria) [1974/75]

Alceu Valença - Vivo! [1976]




"Minhas apresentações ao vivo passaram a fazer sucesso. Com produção de Guto Graça Mello, registramos o show “Vou Danado pra Catende”, durante temporada de dois meses no Teatro Tereza Rachel, no Rio. Gravamos com dois microfones, um amarrado no outro. Um voltado para os músicos, outro para a platéia. Eu me vestia de homem-sanduíche e, ao lado de Zé da Flauta, saía pelas ruas divulgando o show. “Sol e chuva”, “Punhal de Prata”, “Pontos Cardeais”, “Papagaio do Futuro”, além de uma parceria com Geraldo Azevedo, “Edipiana”, estão no repertório."


Download: Vivo! [1976]

Faixas:
01. Casamento da raposa com o rouxinol
02. Descida da ladeira
03. Edipiana nº 1 (Alceu Valença – Geraldo Azevedo) / Emboladas (Treme Terra-Beija Flor)
04. Você pensa
05. Punhal de prata
06. Pontos cardeais
07. Papagaio do futuro / Emboladas (Treme Terra-Beija Flor)
08. Sol e chuva


Gravado ao Vivo no Teatro Tereza Rachel durante a realização do show "Vou Danado Pra Catende" de Alceu Valença.
Nas Faixas "Edipiana Nº 1" e "Papagaio do Futuro" Participação Especial de Zé Ramalho da Paraíba.



Ficha Técnica:
Coordenação Geral: João Araújo
Direção de Produção: Guto Graça Mello
Montagem: João Mello
Técnicos de Gravação: Deraldo, Célio e Luiz Paulo
Arranjos: Alceu Valença
Fotos: Mário Luiz Thompson
Capa: Mauro Luiz e Alceu Valença com a colaboração da Cuca
Arte: Mário Luiz e Flávio Thompson
Produção do Show: Benil Santos, Wellington Luiz Carlos Fernando e Sigla
Flauta: Zé da Flauta
Guitarra: Paulo Lampião Rafael Ukulêle, Viola de 10 e 12
Cordas: Zé Ramalho da Paraíba
Bateria e Percussão: Israel
Percussão: Agrício Noya
Baixo: Dicinho
Viola e Violinha: Alceu Valença

Flaviola e o Bando do Sol – Flaviola e o Bando do Sol [1976]




Outro representante da geração nordestina pós-tropicalismo, que teve em Paêbirú, de Lula Côrtes e Zé Ramalho, sua expressão mais radical. Também pernambucano, Flaviola e o Bando do Sol gravou apenas um álbum, lançado pelo selo local Solar, em 1974. Com base em ritmos regionais, produziram um raro mix de folk-rock-psicodelia, que permanece com extrema atualidade. Instrumental rico, na base de violões, violas, guitarras, flautas e percussão.

Basicamente acústico, com uma poesia ímpar, o disco é mais um exemplo da energia, da vontade de crair algo novo, que abundava no Recife. Uma comparação com os ingleses de "The Incredible String Band" não é de todo absurda.

Participam do disco Flávio Lira (o Flaviola), Lula Côrtes, Paulo Raphael, Robertinho de Recife e Zé da Flauta.

(Por BR Nuggets)


Download: Flaviola e o Bando do Sol [1976]

Faixas:
01. Canto Fúnebre
02. O Tempo
03. Noite
04. Desespero
05. Canção do Outono
06. Do Amigo
07. Brilhante Estrela
08. Como os Bois
09. Palavras
10. Balalaica
11. Olhos
12. Romance da Lua
13. Asas

Lula Cortês & Zé Ramalho - Paêbirú [1975]




A primeira vez que o Brasil ouviu Zé Ramalho da Paraíba foi na voz de Vanusa, que gravou a canção Avohay em seu disco “Vanusa – 30 Anos”, em 1977, pela Som Livre. Um ano após, já sem o ‘Paraíba”, Zé Ramalho ganhou as paradas nacionais com sua enigmática e encantadora mistura sonora. Antes disso, noi entanto, tão fantástica quanto suas letras, a história de Zé Ramalho registra a gravação de um disco que ficou perdido nos escaninhos do tempo.

Trata-se do raríssimo álbum duplo “Paêbirú”, creditado a Lula Cortês e Zé Ramalho, gravado entre os meses de outubro e dezembro de 1974, na gravadora Rozemblit, em Recife (PE). Com eles, estão Paulo Rafael, Robertinho de Recife, Geraldo Azevedo e Alceu Valença, entre outros. Na época, Lula Cortês tinha em seu currículo o álbum “Satwa” (1973), que trazia canções com título como “Alegro Piradíssimo”, “Blues do Cachorro Louco” e “Valsa dos Cogumelos”. Zé Ramalho, já tocando com Alceu Valença, tinha em sua bagagem a experiência de grupos de Jovem Guarda e beatlemania, como Os Quatro Loucos, o mais importante de todo o Nordeste.

Clássico do pós-tropicalismo, com (over)doses de psicodelia, o álbum trazia seus quatro lados dedicados aos elementos “água, terra, fogo e ar”. Nesse clima, rolam canções como o medley “Trilha de Sumé/Culto à Terra/Bailado das Muscarias”, com seus13 minutos de violas, flautas, baixão pesado, guitarras, rabecas, pianos, sopros, chocalhos e vocais “árabes”, ou a curta e ultra-psicodélica “Raga dos Raios”, com uma fuzz-guitar ensandecida. E, destaque do álbum, a obra-prima “Nas Paredes da Pedra Encantada, Os segredos Talhados Por Sumé” (regravada por Jorge Cabeleira, com participação de Zé Ramalho), com seu baixo sacado de Goin’ Home dos Rolling Stones sustentando os mais pirados 7 minutos do que se pode chamar de psicodelia brasileira.

O disco por si só é uma lenda, mas ficou mais interessante ainda pelas situações que envolveram a sua gravação. A gravadora Rozenblit ficava na beira do rio Capiberibe, e o disco, depois de gravado, foi levado por uma das enchentes que assolavam a região. Conta a lenda que sobraram apenas umas trezentas cópias do disco, hoje nas mãos de poucos e felizardos colecionadores, muitas das quais no exterior, onde foram parar a preço de ouro. Contando com a co-produção do grupo multimídia Abrakadabra, o disco trazia um rico encarte, que também sucumbiu ao aguaceiro.

Hoje “top 10″ das paradas de CDr no país e ítem valioso no mercado internacional de raridades psicodélicas, o álbum segue misteriosamente inédito no mundo digital. Com isso, a indústria dicográfica brasileira perde uma boa oportunidade de provar que se preocupa um pouco mais do que com o tilintar da caixa-registradora. “Paêbirú”, que quer dizer “o caminho do sol” (para os incas), poderia ser o primeiro de uma série de raridades a ganhar a luz do dia, para ocupar uma fatia de mercado que, se pequena comercialmente, é fundamental para a preservação da cultura musical brasileira.

(Por Fernando Rosa)


Download: Paêbirú [1975]

Faixas:
01. Trilha de Sumé / Culto à terra / Bailado das muscarias (Lula Côrtes – Zé Ramalho)
02. Harpa dos ares (Geraldo Azevedo – Zé Ramalho – Lula Côrtes)
03. Não existe molhado igual ao pranto (Zé Ramalho – Lula Côrtes)
04. OMM (Zé Ramalho – Lula Côrtes)
05. Raga dos raios (Zé Ramalho – Lula Côrtes)
06. Nas paredes da pedra encantada, os segredos talhados por Sumé (Marcelo – Zé Ramalho – Lula Côrtes)
07. Maracas de fogo (Zé Ramalho – Lula Côrtes)
08. Louvação à Iemanjá / Regato da montanha (Zé Ramalho – Lula Côrtes)
09. Beira mar (Zé Ramalho – Lula Côrtes)
10. Pedra templo animal (Zé Ramalho – Lula Côrtes)
11. Sumé (Zé Ramalho – Lula Côrtes)

Alceu Valença - Molhado de Suor [1974]


"Meu primeiro disco solo. Tem “Papagaio do Futuro”, “Dente de Ocidente”, “Dia Branco”, “Mensageira dos Anjos”, com arranjos de cordas de Waltel Blanco. Pouco depois, classifiquei “vou danado pra Catende” no Festival Abertura, da TV Globo. Montamos uma banda de pífanos elétrica, com Lula Côrtes (tricórdio), Zé Ramalho (viola), Paulo Rafael e Ivinho (guitarras), Zé da Flauta, entre outros. Por não conseguir enquadrar o som que fazíamos, o júri criou uma categoria de última hora – o prêmio Pesquisa – para nos contemplar. O disco alcançou uma segunda tiragem com a inclusão desta faixa."


Download: Molhado de Suor [1974]

Faixas:
01. Borboleta (Alceu Valença)
02. Punhal de prata (Alceu Valença)
03. Dia branco (Alceu Valença)
04. Cabelos longos (Alceu Valença)
05. Chutando pedras (Alceu Valença)
06. Molhado de suor (Alceu Valença)
07. Mensageira dos anjos (Alceu Valença)
08. Papagaio do futuro (Alceu Valença)
09. Dente de ocidente (Alceu Valença)
10. Pedras de sal (Alceu Valença)

Ave Sangria - Perfumes y Baratchos - Ao vivo [1974]




Nos dias 28 e 29 de dezembro de 1974, a hoje cult e lendária Ave Sangria fazia no vetusto Teatro Santa Isabel o show Perfumes Y Baratchos. Foi uma curta temporada de apenas duas concorridas apresentações(com tanta gente no lado de fora, que na metade de cada show, o vocalista Marco Polo mandava que os portões fossem abertos). Foi a mais bem sucedida apresentação da curta carreira da Ave Sangria. No entanto, aquele seria o canto de cisne do grupo, que se dissolveria logo depois.

De prestígio em alta em Pernambuco e no Sudeste, onde algumas das faixas do único álbum que lançaram tocavam bem no rádio, Marco Polo, Almir de Oliveira, Agrício Noya (o Juliano), Ivson Wanderley (Ivinho), Israel Semente Proibida, e Paulo Rafael davam a volta por cima depois do baque sofrido com a censura e apreensão do primeiro e único LP, por causa da faixa Seu Valdir (o disco foi relançado sem esta música): “A gente estava no maior pique, mas manter uma banda de rock no Brasil na época era muito complicado. Lembro que levei o disco para a Rádio Tamandaré, na época a mais refinada da cidade e a moça que me atendeu, o nome era Norma, deve ter achado a música muito estranha, e não tocou. Além do mais, a Ave Sangria só vivia entrando em rolo. Como eu ainda era menor, faziam as coisa no meu nome. O Santa Isabel, por exemplo, foi alugado assim. Fui eu que fui numa tal Censura Estética da Polícia Federal liberar os cartazes do show", recorda o guitarrista e produtor Paulo Rafael, hoje morando no Rio. Geneton Moraes Neto, atualmente diretor de redação do Fantástico, em 1974, cobria a cena músical pernambucana daquela década e assinava a coluna Ensaio Geral, no Diario de Pernambuco. Ele lembra de um dessas confusões com os Rolling Stones do Nordeste, como a Ave Sangria era também conhecida, tanto pela música quanto pelos rolos que protagonizava: “Eles eram muito invocados. Uma vez um dos integrantes teve algum problema com a polícia, e os caras foram na redação para pedir que o jornal não publicasse a notícia. Fiz entrevistas com eles, dei muitas notas, mas não vi esse último show”, testemunha.

Lailson, o cartunista do DP, fez a direção musical de Perfumes Y Baratchos , e também o responsável pela arte do cartaz (restaurando a ave do logotipo do grupo, semelhante a um carcará, que foi refeita de forma grosseira, no Rio, para a capa do disco Ave Sangria, saído pela Continental). Para ele, aquela foi uma morte de certa forma anunciada: “Lembro que pouco antes do show, Marco Pólo chegou a comentar comigo que pretendia partir para carreira solo”. 

Lailson recorda que sentia um certo clima de rivalidade entre Almir e Marco Pólo, enquanto Israel era uma estrela à parte. “Acho que o afastamento de Rafles, espécie de relações pública deles, contribuiu para o fim”, conclui. Paulo Rafael destaca a participação de Ivinho: “Ele era meio militar, levava tudo muito a sério. Quando a gente entrou no palco, havia um bocado de castiçais, da decoração bolada por Kátia Mesel. Ivinho, quando viu aquilo reclamou, ‘Tá parecendo coisa de macumba’”. Além das velas tinha ao fundo um castelo:” Pegamos de um cenário do teatro, acho que de alguma ópera”. Marco Polo, atualmente na Continente Multicultural, numa entrevista ao crítico Héber Fonseca (no JC), dois dias antes do show, não parecia pensar em carreira solo: “Não é ainda o trabalho da Ave Sangria. Há apenas um esboço, uma insinuação, é dela que vamos partir para outros caminhos”. O produtor Zé da Flauta, então no Ala D’Eli, efêmera banda de Robertinho do Recife, tocou flauta e sax no Perfume Y Baratchos. Ele também não imaginava que aquele seria o início do fim da banda: “Pensava que dali eles iniciariam uma nova fase”.

O certo é que Ave Sangria fez duas apresentações tecnicamente impecáveis: “O show começa com um tema meu, A grande lua, meio Pink Floyd. Os amplificadores Milkway, de Maristone (dono do melhor som de palco do Recife nos anos 70), se a gente mexesse uns botõezinhos faziam a guitarra soar feito um sintetizador”, conta Paulo Rafael. “Nesses dois shows fizemos várias músicas inéditas”, completa Marco Polo.

Há unanimidade entre Zé da Flauta, Paulo Rafael ou Marco Polo (Agrício Noya, Ivinho e Almir de Oliveira não foram localizados para esta matéria. Israel Semente já faleceu) sobre o catalisador da dissolução da Ave Sangria: “No início de janeiro, Alceu, que namorava a banda há muito tempo, fez o convite para os músicos tocarem com ele no festival Abertura da TV Globo. Eu ainda fiz alguns shows no Rio, aqui, com Israel, mas já estava casado, com filho, decidi voltar ao jornalismo”, conta Marco Polo. O guitarrista Paulo Rafael completa: “Não teve assim um ‘vamos acabar’. Depois do Abertura a gente se questionou. Eu queria sair de casa, uns já estavam casados, economicamente não havia no momento outra coisa a fazer. Continuamos tocando com Alceu”.

O Ave Sangria voltaria a reunir-se mais uma vez, para gravar um clipe para o Fantástico, de Geórgia Carniceira. Almir de Oliveira (que não foi tocar com Alceu Valença) revelou que o clipe foi um equívoco da produção da Globo: “Queriam era a banda de Alceu, mas acabaram chamando a Ave Sangria”. O clipe, gravado num estúdio em Botafogo, nunca foi ao ar. Permanece até hoje nos arquivos da emissora carioca.

(Por José Teles)




Download: Perfumes y Baratchos - Ao vivo [1974]

Faixas:
01. Grande Lua
02. Janeiro em Caruaru
03. Vento Vem (Boi Ruache)
04. Dia-a-dia
05. Geórgia, a Carniceira
06. Sob o Sol de Satã
07. Instrumental
08. Por Que
09. Hey Man
10. O Pirata
11. Lá Fora